O agronegócio brasileiro é uma potência mundial e, a cada safra, nosso país se consolida como o maior exportador de soja em todo o globo, cujo protagonismo é evidenciado por diversos recordes. Entre 1973 e 2023, por exemplo, a produção de soja no Brasil cresceu mais de 1000%, enquanto a área de plantio aumentou 400%, segundo levantamento da Embrapa Soja.
Somente em 2023, o país exportou 101,3 milhões de toneladas de soja, conforme informações da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), representando um significativo aumento de 30,2% quando comparado a 2022. Esses bons resultados são o reflexo de investimentos contínuos, que acontecem desde meados do século passado.
Como o Brasil passou de importador para ser o maior exportador de soja do mundo?
Principal fonte de proteína de qualidade no mundo, a soja é base de rações animais e contribui para elevar o padrão de qualidade da carne bovina, suína e de aves. O Brasil é referência nesse contexto, por cultivar grãos com alto teor proteico. Conforme análise da Embrapa, o teor médio de proteína da soja nacional é de 36,69%, cerca de 2% acima da média dos países concorrentes.
Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil vivia um intenso processo de industrialização e urbanização, com um expressivo crescimento econômico. O setor agrícola, por sua vez, produzia pouco e a maior parte do abastecimento interno de alimentos era obtida através da importação, já que faltavam tecnologias adaptadas à produção tropical e havia pouco conhecimento técnico difundido.
Um estudo publicado em 1971 pelos pesquisadores Edward Schuh e Eliseu Alves, divulgado pela Embrapa, evidenciou a falta de conhecimento sobre os solos. “Muito pouco se sabe sobre a resposta destes solos às aplicações de fertilizantes. A capacidade de gerar e desenvolver novas variedades de altos rendimentos é limitada”, detalharam os pesquisadores.
Para garantir segurança alimentar à população, que migrava do campo à cidade à época, o governo brasileiro instituiu políticas para aumentar a produção e realizou investimentos públicos em pesquisa, extensão e crédito rural subsidiado. A organização de produtores e de toda a cadeia produtiva foi de suma importância para que, a partir disso, a agricultura tivesse cada vez mais relevância no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
“Todo o esforço em tropicalizar esta cultura permitiu ao Brasil deixar de ser importador do grão, na década de 1970, para se tornar o maior produtor e exportador de soja no mundo. Isso tudo respaldado em ciência e inovação”, explica o chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, em artigo publicado pela própria instituição.
A tendência crescente da demanda por alimentos impulsiona, desde então, os sojicultores a buscarem alternativas para elevar os patamares de produtividade.
Influência de técnicas agrícolas
A partir de 1972, o Sistema de Plantio Direto (SPD), desenvolvido inicialmente na Inglaterra, chegou ao Brasil e revolucionou a agricultura. A técnica de semeadura, que visa diminuir o impacto da atividade no meio ambiente, possui três pilares: não revolvimento do solo (restrito à linha de semeadura ou covas para mudas), cobertura permanente com plantas vivas ou palhadas e a diversificação de plantas na rotação de cultivos.
O método foi usado pela primeira vez em Rolândia, no norte do Paraná, com o produtor Herbert Bartz, que ficou conhecido como o “pai do Plantio Direto” no Brasil, por conta de seu pioneirismo na adoção da tecnologia.
O uso da técnica colabora com a conservação do solo, redução do uso de água e aumento da produtividade nas lavouras, que pode chegar a 30%, se comparado ao sistema convencional, segundo estudos da Embrapa Soja. Em períodos com seca, a produção dobra em relação à lavoura sem o SPD.
Também bastante difundido entre os produtores brasileiros que buscam otimizar o uso da terra e aumentar os patamares de produtividade, o método conhecido como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é outro aliado.
A ILPF reúne diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área, trazendo benefícios mútuos para todas as atividades. Dados da Rede ILPF (associação público-privada que visa aumentar a adoção do método no Brasil), apontam que a área estimada com a técnica é de, atualmente, 17,42 milhões de hectares.
Seu uso resulta em inúmeros benefícios, como a conservação do solo, redução da abertura de novas áreas, menor sazonalidade, diminuição do uso de mão de obra, maior eficiência no uso de recursos naturais, redução de custos e aumento da produtividade.
Impactos da boa relação comercial
A expansão nas exportações da soja nacional é também amplamente influenciada pela boa relação comercial do Brasil com diversos países. De janeiro de 2023 a março de 2024, o agro brasileiro conquistou 100 novas aberturas de mercado em 49 países.
A diplomacia eficiente não fortalece apenas a imagem do Brasil como grande produtor e exportador de soja, mas também estimula seu crescimento econômico, facilitando o acesso a cada vez mais nações importadoras.
Em síntese, o agronegócio brasileiro desempenha papel crucial na economia e na alimentação global. Sua trajetória reflete o compromisso do setor com o aprimoramento contínuo de técnicas e tecnologias que atendam a ampla demanda por alimentos, amparadas por processos sustentáveis.
A sólida base científica, os investimentos estratégicos e a abordagem colaborativa entre governo, instituições de pesquisa, produtores e demais agentes do setor posicionam o Brasil como expoente global do agronegócio, cujo carro-chefe é a soja.
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