Foi-se o tempo em que a entressafra era vista como uma pausa nos trabalhos em campo. Muito pelo contrário, na agricultura moderna, o período é usado estrategicamente para otimizar as safras futuras, sobretudo quando falamos do solo.
A própria atividade agrícola pode danificar e empobrecer o solo ao longo da safra, além do impacto das intempéries e de outras intercorrências. Por isso, restabelecer ou melhorar a sua estrutura e fertilidade é muito importante para a produtividade dos próximos ciclos.
Neste artigo, vamos explorar as principais técnicas para cuidar do solo durante a entressafra da soja, elencando os benefícios e finalidades de cada prática. Confira!
Análise e correção do solo
Depois da colheita da soja, um dos primeiros cuidados que o produtor pode tomar em relação ao solo é a análise de suas condições químicas e físicas. É esse o processo que identifica possíveis deficiências nutricionais do ambiente produtivo.
Isto é, a análise do solo é fundamental para planejar as necessidades de adubação (uso de fertilizantes) e de correção da acidez, que é comumente feita por meio da calagem (aplicação de calcário no solo).
A Embrapa recomenda que o agricultor analise amostras de solo de diferentes partes, áreas e/ou talhões de sua propriedade, a fim de obter resultados mais precisos e, por conseguinte, tratar corretamente os eventuais problemas encontrados.
Descompactação do solo
O solo compactado — com baixa porosidade e grande densidade — é um dos motivos pelos quais o desenvolvimento radicular das plantas é prejudicado. Por isso, a descompactação é altamente recomendada quando detectada.
O processo pode ser feito através da descompactação mecânica, com o uso de maquinário específico, ou biológica, por meio do plantio de espécies com raízes pivotantes e agressivas. Recomenda-se principalmente a opção biológica durante a entressafra.
O solo descompactado promove sobretudo melhorias na infiltração e retenção de água, aeração e respiração do solo e no crescimento das raízes dos cultivos.
Plantas de cobertura
Técnica com múltiplos benefícios, inclusive na entressafra, a cobertura vegetal visa a conservação e a melhoria da estrutura do solo.
Cultivadas de modo temporário, especificamente para essa finalidade, as plantas de cobertura protegem o solo contra a erosão, aumentam o teor de matéria orgânica, reciclam nutrientes e ajudam no controle de pragas e doenças.
A escolha do cultivo irá variar de acordo com a região e as condições ambientais daquela propriedade. A Embrapa, porém, cita algumas espécies frequentemente utilizadas para a cobertura do solo: Brachiaria ruziziensis, sorgo forrageiro e milheto.
Vale ainda destacar que a cobertura do solo é uma prática altamente sustentável da agricultura, uma vez que promove a conservação dos recursos naturais e reduz a aplicação de insumos externos, otimizando todo o sistema produtivo.
Adubação verde
Com similaridades em relação à cobertura vegetal, a adubação verde diferencia-se em sua finalidade: enriquecer o solo.
De forma geral, a adubação verde é feita por meio do cultivo de leguminosas, objetivando a fixação de nitrogênio. As plantas que serão usadas como adubo são manejadas assim que adquirem o maior índice possível de nutrientes e o menor de lignificação — o que costuma ocorrer no início da floração.
Nesse momento, tais plantas são incorporadas ao solo, como adubo natural, ou são dessecadas ainda verdes e aplicadas na forma de palhada. Por isso, podem ter a função de proteção do solo, assim como as plantas de cobertura.
Aproveitamento de restos culturais
Ainda nessa mesma seara, é possível que o produtor “recicle” os resíduos dos vegetais cultivados em sua área, a exemplo da própria soja, para usá-los como palhada.
Pilar do Sistema de Plantio Direto (SPD), a palhada reduz os efeitos da erosão, ajuda a manter a umidade no solo, regula sua temperatura e dificulta a emergência das plantas daninhas, facilitando o controle destas.
Sucessão de culturas
Prática amplamente conhecida em todo o mundo, a sucessão de culturas consiste na alternância planejada e estratégica de diferentes cultivos em um mesmo ambiente produtivo.
Além de ser empregada para rentabilizar a entressafra, a técnica também traz vantagens diretas ao solo, principalmente por provocar o aumento de matéria orgânica e das atividades biológicas, o que promove melhorias na estrutura e fertilidade do solo.
Os benefícios da sucessão incluem ainda a interrupção do ciclo de vida de pragas e doenças, bem como o controle da propagação de plantas daninhas, e a possível redução nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Por esses motivos, é considerada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) uma prática fundamental da agricultura sustentável.
Outras alternativas
Você aplica alguma outra técnica para cuidar do solo na entressafra? Deixe a sua sugestão nos comentários abaixo!
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